segunda-feira, 7 de abril de 2014

Curso de Rorschach

O Método de Rorchach foi criado por Hermann Rorschach, com o objetivo de servir como técnica de investigação da personalidade, a partir de tarefas que ativem a estruturação cognitiva, envolvendo processos de atenção, percepção, tomada de decisão e análise lógica. Não é apenas um teste, é um método que gera dados que identificam diversos fatores do funcionamento da personalidade. É utilizado em avaliações psicodiagnósticas, estudos jurídicos e/ou forenses, avaliações clínicas prognósticas, entre outros. 

O curso tem o objetivo, portanto, de capacitar o aluno de Psicologia e o psicólogo a aplicar, codificar e interpretar o método, podendo utilizá-lo em diversos contextos, com as mais diversas finalidades.

Inscrições até 15 de abril.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sofrimento no trabalho

Qual é então o significado social do suicídio? Deve-se considerar este ato como banal, ordinário? O suicídio deve então ser considerado como um risco suplementar do trabalho, assim como os demais riscos? Devo doravante admitir que o trabalho ordinário, aquele que se realiza no dia a dia, traz em si esse poder de me conduzir, um dia, ao meu turno, ao suicídio? E devo admitir que um suicídio, consequentemente, não serve para nada?

A ausência de reação coletiva após um suicídio não pode ser considerada como neutra. Ela tem um impacto inevitável, agrava o sentimento de impotência, de resignação, mesmo de desespero. Essa ausência sela, ainda mais do que antes do evento, um pacto de silêncio entre os colegas sobreviventes.

Esta é a razão que faz com que um caso de suicídio arquivado sem consequências aumente consideravelmente os riscos para a saúde mental de todos os que "permaneceram". Não raro - vários são os casos recenseados - um suicídio agrava brutalmente a degradação do tecido social da em presa no seio da qual, em um lapso de tempo relativamente breve, se assiste a outro, ou a vários outros suicídios que se encadeiam.

De uma pespectiva psicopatológica, é necessário concluir que a falta de elucidação da mensagem endereçada à comunidade de trabalho por aquele que lhe sacrificou a vida é um erro prático e deontológico. Acarreta consequências sobre o aumento da vulnerabilidade dos colegas, como acabamos de constatar; ocasiona sequelas ainda à distância, particularmente nos filhos como em toda a família do trabalhador que se foi. A elucidação da mensagem é uma etapa importante e incontornável para a prática do luto que deverá ser cumprida pelos membros da família e os próximos. Pode-se aprofundar a análise das consequências sobre os filhos, insistindo, particularmente, sobre o fato de que a opacidade do sentido de uma conduta tão grave fragiliza as crianças em relação aos riscos suicidários.

Trecho do capítulo 1 do livro Suicídio e Trabalho - O que fazer? de Christophe Dejours & Florence Bègue

É preciso decifrar as mensagens e enfrentar o silêncio para que o sofrimento no trabalho alcance outros desfechos.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Crise - Parte II: Aspectos do Processo

A definição de crise proposta no post anterior (Processo subjetivo de vivência ou experimentação de situações de vida, nas quais condições internas e externas mobilizam uma pessoa e demandam novas respostas para as quais ela ainda não adquiriu, não desenvolveu ou perdeu a capacidade, repertório ou recursos capazes de dar solução à complexidade da tarefa em questão.) traz oito aspectos do processo, cada um com a sua importância: demanda, condições internas e externas, resposta, domínio, complexidade, processo, subjetividade e solução.

A demanda é o ponto de partida do conceito de crise, já que se não há uma exigência, não há crise. A demanda é essencial no processo pois cria uma pressão e um desequilíbrio, mantendo o sujeito mobilizado. Ela força o sujeito a se mover em determinada direção a fim de reestabelecer o equilíbrio inicial, característica que ressalta que o desenvolvimento deve optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos de crescimento.

O sujeito está continuamente sob a ação de forças internas e externas, que quando bem organizadas mantêm o equilíbrio dinâmico do sujeito. As relações e interações do sujeito com seu meio (condições externas) e a força e o domínio do aparelho psíquico (condições internas) participam da configuração da crise, e é importante não menosprezar a participação de nenhuma das duas forças. As condições internas e externas delimitam as possibilidades de reposta e a resolução como um todo da crise, por isso conseguir separar os fatores internos dos externos pode ajudar no estabelecimento de estratégias de intervenção e prevenção. Fatores externos ao sujeito estarão sempre exigindo novas respostas, que só serão possíveis se internamente o sujeito estiver preparado e forte o suficiente para responder.

A resposta é outro aspecto da crise e está diretamente relacionada com a demanda. Toda demanda exige uma reposta, que por sua vez depende da mobilização do sujeito. A reposta pode ser satisfatória, mas também pode ser uma omissão ou recusa. Quando o sujeito não se mobiliza, fatalmente acaba encontrando soluções parciais ou de compromisso. Este tipo de solução é superficial, e inclusive questiono se realmente pode ser chamado de solução. A solução de compromisso é um estado precário onde o sujeito tenta conscientemente manter a demanda fora de sua vida para evitar ter que dar uma reposta satisfatória. Isso leva a um constante estado de vigilância e vulnerabilidade. Por meio da intervenção é possível modificar ou remover os fatores associados à demanda, mas a modificação do meio ou do significado subjetivo da demanda não excluem a necessidade de responder. As mudanças podem apenas facilitar as repostas ou evitar que a crise chegue em sua fase crítica. A característica mais interessante da resposta é que, independentemente da sua qualidade, ela é sempre necessária. Haverá uma crise caso não haja uma resposta para a demanda, independente se a resposta for um investimento para resolver a situação ou uma omissão.

Nem toda demanda gera uma crise, e é aqui que entra o quarto aspecto da crise. A crise, sob esse aspecto, só existe quando o sujeito não adquiriu, não desenvolveu, não domina ou perdeu a capacidade para enfrentar uma demanda. Caso o sujeito possua os recursos necessários, não haverá crise. Sendo assim, é possível que externamente se configure uma crise mas que isso não se transforme em uma crise psicológica. É bom ficar atento a isso para não confundir uma necessidade específica do contexto de trabalho, por exemplo, com uma nova experiência de vida. O sujeito pode resolver sem dificuldades um problema do trabalho sem entrar no processo de crise se ele tiver repertório e recursos para lidar com a situação. Essa capacidade de enfrentar novas situações e demandas pode ser progressivamente alcançada e fortificada ao longo do desenvolvimento, à medida que o sujeito passa por diversas experiências e assume diferentes papéis. De certa forma o sujeito vai treinando e experimentando identidades e respostas mais ou menos funcionais e adaptativas conforme é apresentado às demandas da vida. Assim o sujeito pode estar mais ou menos pronto para armadilhas futuras, e isso depende muito do investimento que o sujeito faz para resolver os próprios problemas. Claro que sempre espera-se que o desfecho da crise seja satisfatório e leve ao amadurecimento, mas não tenho dúvidas que o investimento é o mais importante do ponto de vista desenvolvimental.

O aspecto processual da crise é o mais fundamental e talvez um dos mais difíceis de ser compreendido, porque é muito fácil, se não automático, associar a crise a um momento pontual e específico. Ao contrário disso, a crise tem sua história própria. Tem antecedentes e precursores, seu desenvolvimento próprio e um desfecho. É importante entender isso porque elementos das crises passadas acabam se relacionando com situações e superações posteriores, a indispensável aquisição de habilidades. Um elemento importante desse processo são os fatores de risco e de proteção, que podem dificultar ou favorecer a solução. Por ser um processo, a crise não surge do nada. Sendo assim acredito que alguns sinais podem alertar para uma situação que tem potencial para se agravar, a não ser que sejam identificados adequadamente e medidas preventivas sejam adotadas. Isso pode ser feito pelo próprio sujeito, caso ele tenha condições mínimas de auto-análise, ou por familiares e amigos. Se conhecer bem é um bom meio de identificar antecedentes e fatores de risco. Quem está vivendo a crise muitas vezes não percebe que existem possibilidades de solução, e isso pode dificultar um bom desfecho. Porém, só quem está vivendo o problema sabe o quanto é doloroso e angustiante, e por esse e outros motivos um apoio especializado é importantíssimo; alguém que mostre que a superação é possível. É de se esperar que a crise também tenha desfechos menos desejáveis, como a formação de sintomas, quadros patológicos ou padrões crônicos de não-adaptação. Nesses casos, uma nova estrutura pode se formar ou dificuldades podem se acumular, dificultando a superação de outras situações no futuro. Uma última consideração a fazer sobre a característica processual da crise é sobre suas etapas, principalmente sobre a atenção dada a uma etapa em especial. Sem dúvidas a fase crítica da crise é a mais enfatizada e lembrada. É nessa fase que há uma ruptura e a formação de sintomas agudos ou atuações inadequadas; é claramente o momento mais difícil e que necessita de algum tipo de intervenção. Mas valorizar demais essa etapa da crise pode levar a negligência da dinâmica da crise e dos elementos que podem indicar alternativas de prevenção e até mesmo de intervenção.  Além disso, a supervalorização da fase crítica da crise contribui para uma visão preconceituosa de quem está em crise, e isso é o que essas pessoas menos precisam.

Por mais teorizações que sejam feitas sobre o assunto, a crise psicológica é um processo experiencial e portanto subjetivo. A crise é um processo no qual o sujeito usa de funções psicológicas e da interação com o meio para a atualização das suas necessidades nos mais variados contextos, como pessoal, relacional, familiar, social, histórico e cultural. A crise é claramente subjetiva, porém fatores sociais e ambientais frequentemente estão associados à vivência da crise. Aqui é possível perceber dois elementos separados mas que estão sempre relacionados: o aspecto objetivo e o aspecto subjetivo da crise. O primeiro refere-se ao evento externo desestabilizador do equilíbrio interno, o fato concreto que desencadeou a crise. O segundo refere-se aos mecanismos de enfrentamento, que são internos; é a maneira como encaramos a crise.

O último aspecto da crise é a solução. O equilíbrio natural e desejável dos seres vivos é o equilíbrio dinâmico autônomo. Entretanto, na crise, é preciso uma mudança de estado para manter esse equilíbrio. Essa mudança de estado exige investimento e modificação das condições de sustentação e autonomia, portanto um sujeito que passa por uma crise inevitavelmente será modificado por ela. Além disso, existem três tipos de solução da situação de crise. O primeiro tipo é a superação, que pode ser alcançada passando-se ou não pela fase crítica da crise. A superação pode ser entendida como uma oportunidade de aquisição de competências, expansão do repertório pessoal, aumento da auto-estima , consolidação da identidade, ampliação da autonomia, da responsabilidade, da liberdade e da maturidade. É o desfecho mais desejado e que traz mais benefícios, mesmo que não seja alcançada assim de forma tão ideal. Mesmo em meio ao sofrimento e angústia o sujeito é recompensado quando investe na superação da crise. Mas a crise também nos mostra a possibilidade de fracasso, de nos sentirmos incapazes de responder adequadamente. O segundo tipo de solução, a estagnação, é a acomodação em um nível de equilíbrio inferior ao anterior. Na estagnação o sujeito parece não conseguir enfrentar a situação de maneira adaptativa e acaba evitando, tornando-se vulnerável a rupturas em situações futuras. A ruptura é o terceiro tipo de solução, onde há a restrição ou rigidez do repertório interno, mesmo diante de dor ou sofrimento elevado, perda de liberdade, autonomia e da capacidade de enfrentamento de situações cotidianas. Popularmente esse pode ser considerado o “fundo do poço”. É preciso ressaltar que nem todas as pessoas que dão respostas claramente desadaptativas estão em crise. É possível que essa seja a sua maneira usual de ser, o seu melhor nível de adaptação. Essas são casos sérios e diferenciados, e não podem ser confundidos com situação de crise. Por isso a sintomatologia não seja o melhor critério para caracterizar a crise.




terça-feira, 11 de junho de 2013

Crise - Parte I: Peculiaridades e Desdobramentos

Antes de intervir ou prevenir uma crise, é preciso compreendê-la da melhor maneira possível. Explorando o conceito de crise é possível identificar seus elementos e a relação entre esses elementos, mantendo em mente que crise não é sinônimo de manifestação sintomática.

Podemos considerar a crise como um processo subjetivo de vivência ou experimentação de situações de vida, nas quais condições internas e externas mobilizam uma pessoa e demandam novas respostas para as quais ela ainda não adquiriu, não desenvolveu ou perdeu a capacidade, repertório ou recursos capazes de dar solução à complexidade da tarefa em questão. Essa definição mais ampla sobre crise psicológica se contrapõe ao uso do termo crise para designar um ponto de decisão, suscitando que crises ocorrem o tempo todo durante a vida. A crise, então, não se torna algo restrito, e passa a ser nada mais que um momento de desenvolver novas habilidades. Isso não é um reducionismo da crise, mas desmistifica a ideia de crise e traz esse processo mais para perto do dia a dia da vida das pessoas.

Mais importante que a solução em si parece ser a função da crise, que seria a possibilidade de aquisição de competências e o desenvolvimento de repertório pessoal para resolvê-la. Deixando qualquer (pré)conceito de lado, seria muito útil entender que a vivência da crise está associada ao aumento desse repertório de respostas e de competências, processo que fortalece o ego. Possivelmente sem passar pelas crises que passamos e continuamente passaremos não seríamos capazes de superá-las, ou no mínimo aprender com elas.

Crises mal superadas podem indicar a não aquisição de uma competência, e apontam para prejuízos moderados ou graves que precisam ser observados. Algumas vezes é preciso a atuação de um profissional para ajudar o sujeito a minimizar esses prejuízos ou evitar novas crises. Dependendo do caso é mais apropriada uma intervenção ou uma psicoterapia, que se diferenciam pelos objetivos: a intervenção em crise tem o objetivo de auxiliar o sujeito a retornar ao seu nível anterior de funcionamento e superar a fase crítica da crise, já a psicoterapia objetiva a transformação das condições de vulnerabilidade que favoreceram a emergência da fase crítica e assim evitar futuras crises.

         Sem dúvidas as crises vividas ao longo da vida formam nossa personalidade à medida que levam à internalização de diferentes modos de reagir, e assim as soluções que damos para as nossas crises são assimiladas em nossa estrutura. Pelo fato de transformarem ou fragmentarem estruturas antes estáveis, as crises podem ser vistas como estruturantes. Nossa estrutura afeta nosso funcionamento, por isso a psicodinâmica também está relacionada à crise e à estrutura. A psicodinâmica da crise revela sua característica processual e subjetiva, e mostra os aspectos motivacionais relacionados. A psicodinâmica diz muito a respeito do conflito em que o sujeito se encontra quando precisa administrar desejos e necessidades em um contexto de contradições. E a crise está diretamente envolvida nisso, pois surge a partir de um ou vários conflitos, mais ou menos duradouros. Considerando a estrutura e a psicodinâmica fica evidente que um sujeito não consegue agir como quiser, ele é de certa forma delimitado por sua estrutura. Outro conceito que está relacionado à crise mas que não deve ser confundido com ela é a psicopatologia. Não é correto restringir a crise ao momento em que os sintomas aparecem, até mesmo porque nem toda a crise irá resultar em psicopatologia (a maioria não resulta). Assim como a crise é um processo, os sinais e sintomas que fazem parte de uma psicopatologia não surgem do nada e sem motivo. Perceber isso durante o processo de desenvolvimento mostra a relação entre sintomas e psicodinâmica, e permite associá-los aos significados subjetivos na experiência. As estratégias defensivas e o modo de responder acabam se consolidando na estrutura, podendo formar padrões de uma psicopatologia. É importante ficar atento para que tipo de estratégias estão sendo usadas e internalizadas, a fim de impedir que padrões pouco adaptativos se tornem parte da estrutura do sujeito. Crise, psicodinâmica, estrutura e psicopatologia estão sempre relacionadas e entender alguns desses termos ajuda a entender os outros, sempre tomando o cuidado de analisar cada caso especificamente.


terça-feira, 4 de junho de 2013

Uma história de luto complicado: a viúva que come as cinzas do marido.




Casey é uma norte americana que, ao perder o marido Shawn de uma maneira totalmente inesperada, ainda muito jovem, adquiriu um hábito que imediatamente a alivia da perda, como se pudesse, literalmente, internalizar a presença de seu marido, numa estratégia de impedir que ele se vá e se torne "apenas uma memória".

Ela vivencia um luto possivelmente complicado, em que a elaboração se tornou extremamente difícil e encontra-se impossibilitada de processar a realidade do acontecimento de uma maneira tranquila e equilibrada. Ingerir as cinzas do marido tornou-se, então, uma forma de evitar essa realidade e garantir, a partir de suas próprias percepções, a perpetuação da presença do marido dentro de seu imaginário. Mas ao mesmo tempo em que vivencia a sensação de internalizá-lo, vivencia culpa e desamparo por imaginar que suas cinzas não estarão ali para sempre.

Ao participar do programa "minha estranha obsessão", Casey pode compartilhar com a família o sofrimento pelo qual estava passando e teve, finalmente, a assistência profissional de que precisava. Não apenas para impedi-la de realizar um comportamento prejudicial para sua saúde física, mas para realizar um trabalho de elaboração desse luto, questionando-se sobre essa experiência e sobre seus próprios sentimentos. Com o tempo, acredita-se que Casey tenha se tornado capaz de se fortalecer internamente novamente e tenha conseguido localizar essa dor diretamente no acontecimento, não se sentindo mais culpada ou desesperada por internalizá-lo de qualquer maneira.

Com ajuda profissional, o luto se transformou de uma dificuldade em lidar com a perda desse objeto em empoderamento, ou seja, uma nova capacidade de se posicionar frente a essa nova realidade, essa nova visão de mundo. Casey transformou sua vivência melancólica diante da perda do marido, caracterizada pela perda inconsciente de um objeto idealizado, em um luto esperado e com menos sofrimento, onde a perda consciente do ente querido permite que ela volte seu afeto para outros objetos.



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Morte do casal e um suicídio

A fatalidade que ocorreu em SP na última semana, em que um homem assassinou dois vizinhos do prédio a partir de uma briga por conta de barulho, é mais um exemplo de acontecimento violento que pode estar vinculado a vivências de emoções extremas, capazes de ameaçarem a própria segurança e de pessoas próximas. 
Apesar de não ser possível, ainda, compreender os motivos pelos quais o empresário cometeu um homicídio e um suicídio, é plausível afirmar que ele vivenciava, naquele momento, uma sobrecarga emocional suficiente para motivar um comportamento impulsivo e, frente a suas condições de saúde atuais, impulsionar um atentado contra si mesmo, talvez por envolver uma soma de significações, realidades e necessidade de novas estratégias para lidar com o mundo que não estavam presentes.
Frequentemente vivenciamos situações de sobrecarga emocional, iniciadas a partir de diversos acontecimentos com os quais não conseguimos manter o controle ou planejar soluções imediatas. O acúmulo de frustrações e de emoções destrutivas podem ocasionar diversos comportamentos prejudiciais para a própria vida, muitas vezes vinculados a uma ameaça à própria segurança, a partir de repertórios auto-destrutivos ou até mesmo à segurança alheia, por atuações impulsivas, motivadas por raiva, indignação e outros diversos sentimentos explosivos. 
A filha do casal, com pouco mais de um ano de idade, experienciou uma situação com um potencial traumático muito elevado. Ela assistiu a morte dos pais, debruçou-se sobre a mãe e, apesar de não possuir uma compreensão literal dos acontecimentos, como um adulto o faria, vivenciou, de sua maneira subjetiva,  uma situação extremamente delicada. É inegável a necessidade de que haja um acompanhamento voltado para o acolhimento desse trauma, não só ocasionado pela morte dos pais em tão tenra idade, mas por conter características que tornam a experiência um pouco mais complicada: o fato de envolver morte violenta, inesperada e resultar em diversas problemáticas e mudanças drásticas para a vida da criança e dos outros familiares. 
A equipe Phoenix lamenta essa fatalidade e impulsiona desejos de recuperação às famílias, tanto das vítimas do homicídio, quanto da vítima do suicídio. É evidente que ambos os acontecimentos implicam em revolta, angústia e sofrimento e todo o apoio possível é de extrema importância agora. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

The Bridge - A ponte


O documentário, dirigido por Eric Steel, trata sobre o suicídio de uma maneira ousada e instigante. Ao longo de filmagens, em 2004, da conhecida Golden Bridge de São Francisco (USA), um dos maiores cenários de suicídios do mundo, diversos casos foram documentados. A partir de entrevistas com as famílias, o diretor mostra, de uma maneira contraditoriamente acolhedora, todo o contexto em que a vítima se encontrava, discutindo e questionando temas como doença mental, responsabilidade civil e, claro, suicídio.
Apesar de ter recebido críticas e não ser um documentário muito leve de se assistir, cabe um olhar sensibilizado e, principalmente, um alerta para o cuidado, os sinais e estratégias de prevenção. o suicídio pode ser evitado e o comportamento suicida é um grande sinal de que há um sofrimento psíquico que precisa ser assistido.